25/01/2011

Juventude e Consumo: Realidade, desafios e alternativas para um consumo responsável.

Fernanda Rodrigues Machado Farias[1] e Katiane Farias Teixeira[2]



A idéia do consumismo é imposta pela cultura dominante como algo “vital” para as relações juvenis em nossa sociedade. Isso se dá através das construções políticas e econômicas que incentivam a atitude do “ter” para está de bem consigo, e com as outras pessoas. A mídia é um instrumento fortíssimo e muito rápido na disseminação da ideologia capitalista, logo, consumista. Propagandas de alimentos transgênicos como o ‘BigMac Feliz’ espalhados em todos os meios de comunicação utilizam a imagem da juventude sempre com roupas da moda, cabelos lisos e loiros, magros e saudáveis representando a padronização estética, alimentícia, cultural e consumista que incentivam jovens a consumir esse produto.

A questão alimentar está cada vez mais preocupante na cultura globalizada, que é acelerada, intensa e sua produção está voltada para suplementos energéticos e vitais, trazendo em sua embalagem a promessa dos alimentos cada vez mais super vitaminados e práticos. Freqüentemente, o alvo do marketing publicitário tem sido os/as jovens, por serem sujeitos a maior vulnerabilidade, pois vivenciam o processo de construção de personalidade. A utilização de ídolos nas propagandas, modelos e de espírito de festa são instrumentos fortes para levar a aprovação do/a jovem a um determinado produto.

Porém, apesar dessa vulnerabilidade etária, os/as jovens são sujeitos/as da história e podem se identificar com a luta cotidiana de sociedade e são passiveis de mudança de pensamento em relação à educação para o consumo.

O mercado é muito forte e com essa insistência de atingir especialmente esse ideal de juventude levam diversos jovens, principalmente da periferia, a sentirem-se excluídos por conta do modelo de jovem da mídia. Esse sentimento de exclusão faz com que eles desejem ter e ser um consumista levando-os, muitas vezes, a cometerem crimes para alcançar o ideal de consumo: “Consumo, logo existo!”

A insegurança alimentar é algo visivelmente presente na concepção juvenil de alimentação. São alimentos gordurosos, transgênicos, refrigerantes, etc. Isso ilustra as condições alimentares precárias para uma vida de praticidade para a família e para eles próprios, tornando os/as jovens cada vez mais doentes, obesos, dependentes, anorexos/as... Tudo por conta de uma busca de identidade, cada vez mais influenciada pelo capitalismo que nos impõe uma condição de vida medíocre e insegura.

Nessa perspectiva, a educação para o consumo torna-se importante para a formação de indivíduos responsáveis e capazes de contribuir por meio de atitudes e escolhas que não comprometerão as futuras gerações. E que, assim sejam capazes de entender e intervir na sociedade em que vivem. É também extremamente importante para a transformação social e na relação do ter com o ser. Os/as jovens têm várias potencialidades para protagonizar essa mudança social e alimentar. Temos que lutar por uma soberania alimentar das juventudes e dos povos!

Como alternativa a insustentabilidade é importante o fomento de grupos e atividades voltadas para uma concepção sustentável de mundo. Em Fortaleza, no bairro Benfica, temos uma experiência de organização de um grupo de consumidores responsáveis com o objetivo de juntamente com produtores da Agricultura Familiar do interior do Estado organizar uma feira agroecológica como opção de um consumo justo e sustentável. Oferecendo atividades de educação ambiental, atividades culturais e abrindo um espaço de diálogo, esse grupo é composto na sua maioria por jovens que representam diversas instituições e entidades, além de moradores do bairro que vem se reunindo desde janeiro de 2010.

A luta pelo direito de ter um consumo saudável precisa ser pautada no movimento das juventudes e na juventude brasileira como um todo, pois temos o direito de saber onde foi fabricado, como e por quem... Precisamos saber se é necessário para a vida, se é ecologicamente correto e se é sustentável! São perguntas essenciais para termos uma soberania alimentar onde possamos escolher como devemos consumir, por quê devemos consumir, e de quem devemos consumir. Sendo assim, uma luta que deve ser travada pelos movimentos sociais junto à sociedade em geral e novas alternativas devem ser traçadas para tornar o ato de consumir num ato político de “dizer não” ao desenvolvimento desenfreado e a insustentabilidade ambiental.


[1] Estudante de Pedagogia da Universidade Federal do Ceará, Integrante da Juventude Alternativa Terrazul, Rejuma (Rede de Juventude e Meio Ambiente pela Sustentabilidade), Coletivo Jovem do Ceará, Conselheira Nacional de Juventude pelo Fórum Brasileiro de Organizações e Movimentos pelo Meio Ambiente e Desenvolvimento.

[1] Estudante de Economia Doméstica da Universidade Federal do Ceará, Integrante da Juventude Alternativa Terrazul, Rejuma (Rede de Juventude e Meio Ambiente pela Sustentabilidade), Coletivo Jovem do Ceará.


Obs: Esse texto foi publicado na Edição Nº 4 da Revista Agenda 21 e Meio Ambiente realizado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2010. O link para a revista: http://www.mma.gov.br/estruturas/182/_arquivos/agenda21_juventude2010_182.pdf

2 comentários:

Anônimo disse...

Belíssimo texto minhas caras.
É sempre bom ver a juventude discutindo temas essenciais à sustentabilidade.
Estão de parabéns.
Anderson Silva Sousa - ASS
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Sue Barroso disse...

Às vezes eu penso que esse povo se faz é de burro pra não precisar ter responsabilidade com nada, isso sim. u.u"