26/08/2010

Solidão coletiva?


A algum tempo ando me sentindo sozinha
Vejo além dos meus olhos
É o terceiro olho da sensibilidade
E o que vejo é triste e banal
Ai me sinto só.
Não ando sentindo inspiração nem pra poetizar
Desencantos...
Porque nesse mundo aqui tá foda
FODA MESMO
O que anda acontecendo com as pessoas?
O que anda acontecendo com os movimentos sociais?
O que anda acontecendo com a sociedade?
Cadê as pessoas, hein?
Cadê a minha geração, hein?
É triste. É triste.
Tô quase pedindo para descer desse mundo.
O individualismo tomou de conta e toma de conta até nos setores mais politizados
O capital se apropriando das pessoas
E as pessoas morrendo nas suas cervejas, drogas e amantes
Há um descarte social da sociedade
E essa sociedade está se entregando...
E o que me deixa mais triste. É que são os jovens os que mais se entregam.
Na loucura de saciar a loucura no copo salvador da depressão e da solidão.
Existiria uma outra alternativa para a felicidade?
Como resgatar a luta da sociedade por um mundo justo?
Estamos nos entregando?
Hoje acho que sim. Outro dia posso achar que não.
Estamos vivendo um momento de solidão coletiva e corretiva.
Onde a felicidade só pode ser alcançada dentro do copo alcoólico ou em outra droga qualquer.
O capitalismo está firme e os movimentos estão num processo de fragmentação profunda. E os partidos nem se fala. Crise total.
Qual seria a solução?
Sei não. Tô aqui para tentar contribuir.
E espero ter forças para isso.
Consigo. Não sei!
Continuo aqui nessa solidão coletiva e corretiva...
Tranqüila que nem grilo.

Um comentário:

Ediane Soares disse...

Me vi nesse poema-texto-metralhadora! Super me vi e me comovi com ele.

"é que narciso acha feio o que não é espelho..."

Há o que resgatar? Será que não estamos lutando em vão por uma causa perdida? Será que a causa, mesmo sendo a mesma que movimentou multidões ao longo da história, não necessita de uma nova motivação, uma nova roupagem, uma "nova luta"? Não seria esse novo "antropocentrismo" que você sutilmente aponta e critica o sintoma de que os coletivos tal como se apresentam não conferem mais as necessidades do caos que é a sociedade atual? São apenas questões minha cara... são questões, nada mais... Vamos pensar que o futuro é conseqüência do presente, e dessa forma, não nos deixemos abater pela desesperança, nem tampouco nos agarremos a esperança como a substância última da nossa existência. É preciso compreender a emergência do presente, do que agora nos aparece a olho nu, para lançar olhar adiante, sem medo, sem desespero. Até as grandes guerras que já aconteceram no mundo contribuíram para coisas que hoje não são tão ruins (informática, progresso das ciências, avanços tecnológicos de um modo geral), quem sabe essa apatia que paira sobre as cabeças dos indivíduos dessa nossa contemporaneidade possa trazer frutos ainda maiores do que as "grandes revoluções barulhentas" ou as "grandes batalhas". Quiçá a vida continue a nos surpreender e a história a nos ensinar a não se espelhar apenas no passado, mas a viver, intensamente o hoje, mesmo na apatia.

É isso...

Beijo.