28/03/2011

Vamos dar asa à águia?

“Lá onde cantou as cigarras. Era o primeiro dia do ano. Bem cedinho. Vento no rosto. Sensação de recomeço. De liberdade. O sertão estava ali na minha frente. Aquelas terras onde habitaram gerações. Habitam pessoas comuns. E aquelas peles negras de ancestrais de quilombos e índios pardos. Eu estava lá. E pensei na vida. E pedi sinais. Respirei. Senti. Parei. E uma cigarra somente cantou. Mentalizei um ano de mudanças, de reconstrução, de proteção e força para esse corpo e esse espírito porque sei lá no fundo que a missão é grande. E todas as cigarras cantaram como uma orquestra. Sai daquele tempo e espaço e me misturei nesse canto de liberdade. Estava para começar um novo tempo... Era o início da libertação da minha alma. Agradeci. Levantei e me emocionei. Me despedi daquela terra. Daquele estado que um dia foi meu. Porque sempre quando volto o corpo treme, o coração bate forte e ele me chama. Quando uma terra já foi sua ela sempre grita de uma forma ou de outra...”



Demorei um tempo para voltar a escrever no blog foi necessário para organizar algumas idéias e ter certas vivências necessárias. Mas, eu escrevi muito num caderninho que no futuro pode ser um livro. Os anos de 2010 e 2011 estão sendo cruciais para um processo de transformação mental, físico e espiritual. Esperava isso, porém não com tanta intensidade. As energias, as intuições e as situações indicavam algo bastante significativo. Está acontecendo algo bem mágico o meu descobrimento de mim mesmo do que eu sou capaz (mente), do meu nível de entendimento do campo espiritual e da valorização do meu corpo. Para me aprofundar nessa busca voltei a ler dois livros que são crucias para ajudar no processo, um é “A águia e a Galinha do meu Mestre Leonardo Boff e o outro é “Nossa vida como Gaia: práticas para reconectar nossas vidas e nossos mundos de Joanna Macy e Molly Young Brown” indico os dois para aprofundar conhecimentos do seu eu, do outro e da terra. Ambos os livros falam de práticas e fundamentos espirituais voltados para a relação com a Terra (Pacha Mama).

E tudo começou com a dor. O apego sempre foi um problema bem sério na minha vida e isso já me levou próximo a loucura. Então, estou procurando nos aspectos da razão e no controle da espiritualidade como eu posso controlar essa intensidade desse sentimento em minha vida. No livro nossa vida como Gaia no qual eles trabalham intensamente práticas de ecologia profunda e principalmente os aspectos das dores do mundo as autoras dizem que a sociedade tem medo de tudo que aproxime da dor ou negação. Tentamos desesperadamente nos afastar das situações de conflito e de dor. Estou aprendendo que a dor é muito necessária da mesma intensidade da felicidade. Temos que senti-la de acordo com a sua forma e não negá-la. Falo da dor do corpo, da dor da perda, da dor da traição, da dor da solidão, a dor da terra... Todos os tipos de dores desse mundo terreno. Para que entendamos melhor a vida e possamos ver formas de resolver os problemas da melhor forma possível. A repressão desse sentimento pode lhe trazer uma doença ou um problema sério nas suas relações e psíquico. Sinta a danada e seja dor quando tiver que ser.

Indo agora para o mestre Leonardo Boff ele coloca que a libertação de cada um começa na consciência e temos que ajustar essa consciência para a mente, espírito e corpo. Fazer a interligação dos três para viver em harmonia com sigo e com o outro. E que o amor é força regeneradora do mundo. É ele só é verdadeiramente incondicional numa condição de parentesco, de raça, de religião, de ideologia, de trabalho, de relação amorosa somente se amarmos por amar. Sem espera nada em troca. Até mesmo aqueles que te fazem mal. Porque a energia do amor não faz mal. Ame para libertar o seu corpo e seu coração e assim libertará a sua consciência espiritual.

Encontro-me num exercício diário de entender a cosmovisão das religiões e crenças, das energias, das relações... E estou tendo experiência interessantíssimas que quero compartilhar com todos e todas. Um ponta a pé inicial nessa busca foi num terreiro de candomblé para conhecer e entender um pouco mais dessa religião de matriz africana. O Frei Leonardo Boff denomina o candomblé com umas das religiões de teologias mais fascinantes do mundo fazendo cada pessoa humana uma espécie de Jesus e incorporando os orixás, divindades ligadas á natureza e ás suas energias vitais. Para o candomblé o humano é sagrado e as suas relações e ensinamentos. Para saber mais do candomblé pode procurar nesse link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Candombl%C3%A9

E lá me senti em casa. Uma casa simples. Pessoas felizes e uma roda de samba com muita cerveja e feijoada para esperar a entidade que estávamos para receber e veio ele, o malandro para abrilhantar a festa. Foi lindo. E ele sambou, ele discursou e brincou. Num certo momento ele veio conversar comigo e me disse uma coisa que mexeu e abalou as estruturas olhou fundo nos olhos e disse: - Você precisa resgatar a sua história, precisa pensar mais com a razão, se encontre e tudo fará sentido. As lágrimas quase que caem. O sentimento de ter uma entidade de matriz africana que percorre caminhos nunca imaginados falando comigo foi algo único e transformador. Daquele momento em diante mudei as minhas percepções de mim mesmo e do outro e resolvi me encarar com todos os defeitos e dificuldades. O malandro me trouxe toda a sua malandragem de viver não nos aspectos da libertinagem ou do outro enquanto produto, mas sim nos aspectos da liberdade, as pessoas são livres, e nessa construção temos que em qualquer relação. Mesmo de um dia ou de anos agradecer a pessoa por tudo vivido não importando o que aconteceu de ruim ou de bom. Sempre você sai mudado.

E essa energia do amor está me proporcionando caminhos e escolhas que lá no fundo do coração e da alma era uma necessidade. A última descoberta está sendo o Reiki. Nesses dias que pra mim eu tenho a sensação que passaram meses. Virei reikiana e estou trabalhando aspectos de cura interior e do outro através da energia universal e da luz. O corpo e a mente estão num equilíbrio tão prazeroso e os valores e lugares para mim são outros. Se pelo menos trinta por cento da sociedade vivenciasse os princípios do reiki. Estaríamos vivendo melhor. São eles: Não se preocupe, Não se aborreça, Honre pais e mestres, Trabalhe honestamente, Seja gentil com todos os seres. Para conhecer mais sobre o Reiki segue o link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Reiki


E para finalizar utilizo a fábula africana do livro de Leonardo Boff. Estou dando a asas da minha águia sempre com os pés da galinha na terra.

Mas, sempre: “Existem pessoas que nos fazem pensar como galinhas. E ainda até pensamos que somos efetivamente galinhas. Porém é preciso ser águia. Abrir as asas e voar. Voar como as águias. E jamais se contentar com os grãos que jogam aos pés para ciscar.” Leonardo Boff

Para saber mais do conto acesse: http://www.sotextos.com/a_fabula_da_aguia.htm

2 comentários:

Antonio Radi disse...

Fernanda:

A leitura de seu texto remeteu-me a um outro; ou, melhor dizendo, a "extratos" de um outro...

"Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
(...)
Multipliquei-me, para me sentir,
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-me,
E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente."

Passagem das Horas - Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)

Fernanda Rodrigues disse...

Que lindo. Que enchamos o nosso cofre de nós mesmos e do mundo :)