30/06/2010

Dores do mundo.

E eu viajaria com você
até os lugares da nossa vergonha

As colinas despidas das árvores, as folhas do pântano cobertas de óleo, mergulhadas em esgoto;

O litoral enegrecido, a água envenenada por produtos químicos

Eu ficaria com você em lugares desolados, em lugares carbonizados, no solo onde nada voltará a crescer, um deserto esburacado;

Campos que queimam lentamente por meses, raízes de cacto e de chaparral retorcendo-se com explosões subterrâneas

Eu poria a mão
lá junto da sua, pegaria em sua mão, caminharia com você

Por campos cuidadosamente plantados, alas de verduras folhudas
ondeando sob poeira radiativa; pela escuridão
de minas de urânio escondidas nas sagradas montanhas vermelho-dourado;

Ouviria, com você, nos ventosos corredores dos hospitais
o grito da dor do mineiro

em sua língua natal; enquanto ele gritasse
os nomes esquecidos de sua mãe, eu ficaria
ao seu lado na hora final

da floresta, ao vento
das pás do helicóptero, as sirenes

da polícia berrando, o delicado
tremor da luz

entre as folhas pela última vez. Ah, eu tocaria com este amor cada
lugar ferido

Anita Barrows


* Sentir a dor do planeta é necessário para a cura e transmutação. Irei com a pacha mama até o último brilho do meu olhar. Até quando eu virar terra. :)

3 comentários:

Inaê disse...

Eu colocaria meu dedo verde em todos esses lugares e faria brotar as mais extintas flores, os mais extintos frutos...
Vou com você!

aL disse...

ah, eu também vou! :)
:*

Anônimo disse...

Meu Deus, que previsão!
Temos os caminhos nas mãos, podemos mudar isso.
Vamos!

Tylla