14/11/2008

A menina e o teatro

Menina: Quem é vc?

Teatro: Sou a música mais tocada. O brilho mais brilhoso. A rua ladrilhada. A emoção contagiada. A alegria descarada. E a tristeza desencarnada...

Menina: Hum! Estranho ser tudo isso e não ser Nada. Engraçado! Como faço para conhecer-te?

Teatro: Somente abrindo os olhos para as mais profundas emoções. Você quer?
Mas, assim, Menina! Quem és?

Menina: Uma pergunta de cada vez seu Teatro. O que sou? Se eu quero?
Hum! (Ela pensa alguns minutos)

Teatro: Não pense! Faça. A atitude mais bela é o improviso. A essência do meu ser é... Fiz. Pronto. Improviso por si só.

Menina: Não sei ser. Antes do Ser tenho que estar! Entende? Quer uma resposta sim ou não?

Teatro: Sim quero. Quanta demora, hein? Seja logo....

Menina: Sou simplesmente ao contrário. Não sou nada! Não sei nada. Sou o palco sem luz. (Chorou muito...)

Teatro: Como assim o contrário? És o complemento dos meus palcos, da minha música, da rua ladrilhada... És a minha essência. Simplesmente é a atriz dos meus palcos. Não sobrevivo sem você SER!

Menina: Não entendo nada do que diz. Estou falando que não sou nada. E o meu choro! Não enxergas, isso?

Teatro: Isso mostra o quanto é a atriz dos meus palcos. Quero te mostrar além da tristeza. Entenderá a sina da arte que alucina, fascina.

Menina: Eu atriz? Pode até ser. O choro veio e senti a emoção. Aí Parou! Eu quero a arte. Me descreve como é?

Teatro: Sentes a arte comigo, venha cá! Suba no meu palco. Feche os olhos e pense no que sou. Permita-se!

A menina começou a sentir o vento em sua tez. O arco-iris nos seus olhos. O gosto doce da arte já estava na sua boca. O movimento do seu corpo começou lento. Quando o teatro percebeu ela já estava no seu ser. Misturou-se. Se sentiu uma ave nos campos límpidos e grandes da sua história, que ainda não tinha compartilhado totalmente com a vida.

Ela gritou: Eu sou a poesia mais incontida! A vida mais vivida! A luz do olhos de cada espectador! A arte em arco Íris! Eu sou uma MENINA!

Teatro não se conteve e Chorou. Não pense que era tristeza, floriu um choro de alivio.
Ali ficou eternamente observando como aquela menina passou a transceder nos seus palcos da vida.


Ele disse: Então, seja MENINA!

2 comentários:

Inaê disse...

powwww abalou as estruturas da metalinguagem!
poetico!!!
já sei pra quem vou pedir pra escrever textos teatrais pra mim!
fiquei até com vontade de fazer uma esquete!
podemos pensar nisso depois!

Ramon Fonseca disse...

Gostei muito do seu Blog, parabéns!!!